Os felizardos-amadores-de-jazz que acaso visitem Nova Iorque nos próximos meses
– concretamente até 15 de Setembro –, para além do muito jazz que ali terão para ver e ouvir (e pagar!) nos muitos clubes da Grande Maçã, poderão ainda visitar o Museu de Arte Moderna (MoMA) já que, entre tantas outras, está ali patente (desde 17 deste mês) uma prometedora exposição relacionada com o cinema e com o jazz. Melhor: com o jazz dentro dos filmes.
Intitulada, muito simplesmente, Jazz Score, ela apresenta um (diz-se) impressionante acervo de cartazes, video clips e outros objectos de arte e gadgets com estreita ligação ao cinema com jazz e, naturalmente, a projecção de uma seleccionada escolha de filmes com banda sonora de jazz.
De entre estes saliento, em jeito de amostragem e sem preocupações de exaustão, títulos como ‘Mo Better Blues (Spike Lee, 1999) ou o seu documentário When the Levees Broke (2006) sobre o furacão Katrina; In Cold Blood (Richard Brooks / Truman Capote, 1967); o famoso documentário Jazz on a Summer’s Day (Aram Avakian / Bert Stern, 1960); uma outra célebre dupla de filmes de Shirley Clark, como The Cool World (1954) ou The Connection (1962); ou ainda, para não me alongar, Paris Blues (Martin Ritt, 1961), Mickey One (Arthur Penn, 1965) e The Servant (Joseph Losey, 1963).
Foi a propósito desta tentadora exposição-projecção-celebração que me lembrei de vos recordar hoje alguns excertos de filmes famosos (todos eles também celebrados no MoMA) e bem reveladores da excelência das relações entre o jazz e os filmes, embora estas não fossem tão aproveitadas na história do cinema quanto o poderiam ter sido.
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Ascensor para o Cadafalso
(Louis Malle, 1958) – compositor: Miles Davis
ou um objecto artístico emblemático…
O Homem do Braço Dourado
(Otto Preminger, 1955) – compositor: Duke Ellington Elmer Bernstein (1)
ou a célebre «ressaca» de Sinatra…
Anatomia de um Crime
(Otto Preminger, 1959) – compositor: Duke Ellington
ou a novidade do genérico de Saul Bass… em mais um Preminger / Ellington...
A Faca na Água
(Roman Polansky, 1962) – compositor: Krzysztof Komeda
A Sede do Mal
(Orson Welles, 1958) – compositor: Henry Mancini
ou o mais espantoso plano-sequência da história do cinema…
1) Em tempo: quando se trata de nos pormos a falar (às vezes pelos cotovelos) pode acontecer que nos aconteça cometermos alguns lapsus linguæ. Mas, quando escrevemos, a coisa muda de figura e esses lapsos tornam-se... lapsus calami. Foi o que aconteceu com a referência ao compositor da banda sonora para O Homem do Braço Dourado, quando escrevi Duke Ellington em vez de Elmer Bernstein, talvez antecipando-me à referência do compositor para Anatomia de Um Crime, cujo vídeoclip se segue, do mesmo Preminger. Não será nenhuma... calamidade... mas, já agora, aproveito para vos dizer também de passagem que, na banda sonora, se ouve, entre outros, um super-grupo: Shorty Rogers & His Giants. As minha desculpas!